A campanha intitulada Junho Laranja visa conscientizar a população sobre leucemia e anemia, doenças ligadas diretamente ao sangue, que podem acometer crianças e adultos. A leucemia é um tipo de câncer que atinge os glóbulos brancos, liberando células doentes na corrente sanguínea. Os números: são 11 mil novos casos por ano, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca).
A doença se caracteriza pela quebra do equilíbrio da produção dos elementos do sangue, causada pela proliferação descontrolada dos glóbulos brancos que ocupam o espaço, destinado à produção normal das células. Uma de suas consequências é a anemia, que também pode ser causada por outras situações. Ambas necessitam de tratamento e, por isso, a importância de diagnóstico precoce.
Leucemia: o câncer mais comum
“A leucemia é conhecida por ser a mais frequente e mais comum de todos os tipos de câncer que podem acontecer no público infantojuvenil. Popularmente é conhecida como ‘câncer do sangue’”, explica Hugo Oliveira, oncopediatra do OncoCenter Dona Helena, de Joinville (SC). As leucemias podem ser classificadas de acordo com o tipo de glóbulo branco liberado na corrente sanguínea.
Na leucemia aguda, a mais comum da infância, as células malignas se encontram numa fase muito imatura e se multiplicam rapidamente, causando uma doença rapidamente progressiva. Já nas leucemias crônicas, raras na infância, a transformação maligna ocorre em células-tronco mais maduras. Nesse caso, a doença costuma evoluir lentamente, com complicações que podem levar meses ou anos para ocorrer.
“Diferentemente do público adulto, em que sabemos que fatores externos têm nitidamente maior interferência para culminar em leucemias (hábitos de vida ruins, má alimentação, alcoolismo e tabagismo), no infantil, a principal causa é genética”, aponta o oncopediatra, ressaltando que a criança pode contrair leucemia por herança genética mas não necessariamente: ela também pode desenvolver o câncer por si só.
Os primeiros sintomas geralmente são inespecíficos e, na maioria das vezes, os pacientes não apresentam fatores de risco identificáveis. Segundo Ana Carolina Cardoso, médica especialista em hematologia e transplante de medula óssea, do OncoCenter Dona Helena, pela redução de glóbulos vermelhos, pode ocorrer a anemia e, com ela, vêm o cansaço, aumento dos batimentos cardíacos, entre outros sintomas associados.
“A redução das plaquetas ocasiona sangramentos, principalmente pela gengiva e pelo nariz (epistaxe), além de equimoses. Já a redução dos glóbulos brancos aumenta a taxa de infecções. Também pode haver um aumento dos gânglios linfáticos, fígado ou baço, perda de peso, febre e sudorese noturna”, explica.
Diante da suspeita de leucemia, é importante a consulta com um especialista, que irá solicitar os exames iniciais, para avaliar a gravidade da doença e traçar a melhor conduta para o paciente. “O tratamento mais realizado é por meio de quimioterapia, uma soma de medicações que podem ser ingeridas oralmente, via xarope ou comprimido, por meio de injeção ou via intravenosa”, informa Hugo. “Em alguns casos específicos, usamos a radioterapia, auxílio de cirurgia e o transplante de medula óssea.”
Anemia: dieta equilibrada pode prevenir
A anemia é uma redução na quantidade de hemoglobina, uma proteína presente nas células vermelhas capaz de carrear o oxigênio pelo organismo, no sangue circulante. Existem inúmeras causas. Pode ser ocasionada por doenças da medula óssea que comprometem a produção dos glóbulos vermelhos, sendo uma delas as leucemias.
Também pode ser causada por deficiência de nutrientes essenciais para produção de glóbulos vermelhos, como ferro e vitamina B12, por exemplo. A redução da vida útil dos glóbulos vermelhos é outro fator que pode levar à doença. Os sintomas variam, mas os recorrentes são: cansaço, palidez, palpitações, sonolência, formigamento nas mãos e nos pés, falta de apetite e alteração do paladar.
“Em crianças, a anemia está associada ao retardo do crescimento, comprometimento da capacidade de aprendizagem (desenvolvimento cognitivo), da coordenação motora e da linguagem; efeitos comportamentais, como a falta de atenção e fadiga”, aponta Ana. As anemias mais comuns têm cura, mas se não tratada, segundo a hematologista, pode levar ao óbito. “As causas mais comuns de anemia podem ser prevenidas com uma dieta equilibrada em nutrientes e com acompanhamento médico regular”, sublinha.