O juiz Sérgio Moro aceitou nessa quinta-feira (1º) o convite do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) para comandar o superministério da Justiça, ampliado e com órgãos de combate à corrupção, que atualmente estão em outras pastas, como Polícia Federal e o Conselho de Controle de atividades Financeiras (Coaf).
Em nota, Moro comunicou que se afasta de novas audiências da Operação Lava Jato que, segundo ele, seguirá em Curitiba “com os valorosos juízes locais”. No próximo dia 14, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seria interrogado por Moro no processo sobre o sítio de Atibaia. A audiência agora deverá ser realizada pela substituta, juíza Gabriela Hardt.
COMPROMETIMENTO
Para o advogado Leopoldo Dalla Costa de Godoy Lima, talvez o ingresso de Moro no governo Bolsonaro possa representar um possível enfraquecimento da Operação Lava Jato, já que ele se afasta de novas audiências e outra pessoa deve assumir o posto. Lima ressalta que o juiz é reconhecido por ser muito rigoroso com os casos em que trabalha, sendo sempre muito comprometido. Contudo, o trabalho global exercido no ministério é visto com bons olhos pelo advogado.
COERENTE
Questionado se não há conflito de interesses no fato do juiz que investiga crimes de colarinho branco aceitar integrar o meio político, Lima acredita que não há. “É coerente o Moro aceitar o convite, porque ele vai ter amplos poderes para a questão do combate à corrupção e o crime organizado”, destaca.
O advogado acredita ainda que o magistrado só deve ter aceitado depois de ter carta branca para nomeações e indicações de cargos. “Inclusive, um dos cargos mais importantes é o de chefia da Policia Federal, que tem que ser uma pessoa de confiança dele”, esclarece.
Já sobre a criação do superministério, Lima finalizou: “a criação do superministério com a indicação do Sérgio Moro é promessa de campanha. Que vai ser um grande projeto anticorrupção no Brasil. Que é um dos maiores problemas na visão do nosso novo presidente”.