Na busca da realização de um sonho, coube à arquiteta Gigi Gorenstein e seu escritório, a missão de entregar a varanda totalmente reformada que a cliente tanto desejava para receber grandes amigos e familiares com o máximo de elegância e conforto. Neste projeto de arquitetura residencial o principal desafio foi inserir os atributos de acessibilidade para a moradora que faz uso constante de cadeira de rodas.
“Buscamos uma grande transformação focada em valorizar ainda mais a convivência e o lazer. Com essa proposta, convertemos a varanda em um living com diversos espaços amplos para o uso de todos. Optamos por dispor móveis maiores nos cantos, deixando livre o lado das portas de acesso”, explica Gigi.
Mudanças
No projeto original, o local era contornado por cortinas de vidro retrátil, deixando o ambiente mais reservado, quando necessário, sob uma paleta de tons bege. O piso de cerâmica era desnivelado, fator que dificultava a locomoção, entrada e saída do ambiente, bem como a iluminação sobreposta desfavorecia a nitidez ao anoitecer.
Com as mudanças implementares no layout, a arquiteta logo cuidou de nivelar o piso e dividir o lazer entre o espaço, além de realizar melhorias no projeto luminotécnico e decorativo. Na reforma, um novo piso foi assentado em toda a metragem da varanda.
“O maior cuidado para esse acesso foi justamente levantar o piso com argila expandida, um material mais leve que é super indicado para nivelamento e que não compromete a estrutura da varanda. Após esse processo, o piso foi finalizado e valorizado com porcelanato cinza queimado”, comenta a arquiteta.
Toda a vidraria foi trocada, ampliando a iluminação natural que foi devidamente controlada com a instalação de persianas automatizadas para que a moradora sozinha tivesse o manejo da abertura. O espaço ainda ganhou uma nova iluminação embutida e linear que abrange a maior parte, mas também por meio de pendentes e arandelas pontuais. As paredes receberam novo acabamento de tijolinhos, da Portobello Shop, deixando o ambiente com uma pegada rústica e convidativa.
Para uma família formada por um casal e dois jovens adultos, Gigi avaliou como pertinente a idealização de cantinho em L, principalmente para os meninos curtirem com os amigos. O canto possui um estofado sob um tablado de madeira projetado para ser mais alto do que ficaria normalmente. “Essa atenção foi dedicada para a que a moradora possa usar o mobiliário com mais segurança e facilidade, enfatizando sua autonomia”, ressalta.
Como a moradora adora jogar e recepcionar as amigas, a arquiteta também completou a varanda com uma mesa redonda rodeada, com quatro cadeiras, para as noites de carteado que ela pode promover desde então. “Sempre trabalhando com mesas redondas, pois sempre cabe mais um. Ela ficou bem feliz com o resultado”, enfatizou.
Pela sala de jantar dentro do apartamento, a família pode acessar outro espaço do living, mais íntimo, com duas poltronas bem aconchegantes e dispostas juntamente com uma mesa de centro.
No novo layout, o living também adotou uma decoração contemporânea e sem modismos, trabalhando diversos tons de azul, vinho e branco para um décor leve e gostoso, além do verde no projeto paisagístico com Patrícia França.
“Em princípio, não haveria mesa de centro por causa da circulação da moradora, mas eu consegui escolher uma peça, Franccino Móveis, para completar o décor, junto com vasos grandes da Vasart que introduziram uma natureza que é sempre bem-vinda”, finalizou.
Arquitetura inclusiva
Para esse projeto, diversas reflexões foram postas à mesa em torno de uma arquitetura mais inclusiva. A profissional conta que, além de ser um ponto que deve estar presente em tudo o que rodeia a área, um dos principais desafios dessa reforma foi conseguir se deslocar com a moradora em lojas de arquitetura e decoração. “Nem todas que tentamos visitar estão preparadas para receber e atender cadeirantes”, disse.
Para garantir mais acessibilidade e segurança para alguém com mobilidade reduzida, é importante se atentar a alguns pontos na hora de planejar:
- Espaços maiores – É necessário ter todas as dimensões para verificar dimensões suficientes para o usuário circular com cadeiras de rodas e andadores. Isso inclui a verificação de corredores, portas e banheiro, entre outros pontos da arquitetura;
- Equipamentos especiais – A instalação de rampas e barras de apoio, bem como outros itens acessíveis, facilitam a vida do usuário;
- Pisos – sempre nivelado e antiderrapante;
- Outras facilidades adaptáveis – Pensar em interruptores de luz e equipamentos elétricos em alturas mais baixas.