Comemorado neste domingo, dia 14 de maio, o Dia das Mães está entre as datas especiais mais esperadas do ano. No mês de maio, multiplicam-se as homenagens para essas mulheres que, mais do que rainhas do lar, muitas vezes são arrimos de família e cuidam sozinhas de todas as responsabilidades com a casa e os filhos.
No entanto, mesmo diante das adversidades, elas buscam oferecer o melhor para os filhos e são exemplos de força, resiliência e amor. Tudo a ver com a história da rio-clarense Maria Angela Camargo Francisco, 66 anos, mãe de três filhos. Quem a vê tão alegre e cheia de vida não imagina que seu presente foi construído com muita garra e superação para vencer um passado de sofrimento e dor.
Ângela cresceu em abrigo, o antigo “Nosso Lar”, com passagens também pela Casa das Crianças, Educandário Joaquim Escarpa e Instituto Allan Kardec. Ela foi abrigada pela primeira vez aos três meses de idade com idas e vindas para a casa da mãe até se tornar definitivamente interna da instituição ainda em tenra idade. “Eu tive minha infância no ‘Nosso Lar’, juntamente com outras meninas que, como eu, não podiam conviver em família pois faltavam as figuras materna e paterna. Dessa experiência triste tenho lembranças da rejeição, da mágoa e do abandono”, conta.
Ela se tornou adulta no “Nosso Lar” e foi contratada pelo abrigo para trabalhar como monitora, função que exerceu por um longo tempo. A vida lhe sorriu e ela encontrou o Kiko, um bom marido e companheiro, com quem teve duas filhas: Luciana e Juliana. “Eu tinha um lar, uma família, até que a morte nos visitou e levou consigo o meu companheiro. A filha mais velha, ainda adolescente, teve seu momento de ser ‘mãe’ comigo porque na falta dele tivemos que nos adaptar, e a pequena, uma criança ainda, precisava de nós”, lembra Ângela.
Essa fase triste e difícil foi superada aos poucos e Deus colocou mais uma vez em sua vida, uma pessoa para ser o companheiro de Ângela. Dessa união, nasceu o Luizinho, mas infelizmente ele chegou ao mundo com sério problema nos rins e veio falecer aos cinco anos de idade. “A desolação apertou no peito com sua partida aos 5 anos. Mas ele era um menino feliz. Apesar de tudo que passava com a doença, seu sorriso ficou gravado no fundo no meu coração”.
Ângela estava novamente sozinha com as duas filhas, mas encarou a tristeza de frente e a vida continuou. As filhas cresceram e construíram seu próprio caminho. Hoje, Ângela é uma mãe feliz e avó de quatro netos a quem ela carinhosamente chama de “riquezas”. “Das minhas duas filhas só tenho orgulho e gratidão. Elas estudaram e fizeram seu caminho, e meus netos são a minha paixão. Graças a Deus eu sou a mãe e avó mais feliz e agradecida”.
Os percalços da vida não impediram Ângela de correr atrás de seus sonhos, muito menos de viver. Ela se formou em enfermagem depois dos 60 anos e hoje trabalha como cuidadora de idosos. “Estou feliz pois consigo trabalhar como cuidadora de idosos que precisam de uma enfermeira, e assim vou obtendo sempre ‘novos filhos’ independente de quantos anos eles têm”, diz Ângela.
É impossível negar que seu passado é cheio de tristeza, mas Ângela superou cada desafio com muita resiliência, sem deixar que os dissabores comandassem suas emoções. Ela trabalha, dança e se diverte. Seu passado difícil não a impede de ser uma pessoa feliz e mãe realizada. “Quem me conhece sabe que apesar de tudo isso na minha história, sou alegre e brincalhona, sempre disposta a procurar o melhor da vida. Não deixo a depressão entrar no meu ser”, afirma Ângela para quem ser mãe é dar aos filhos o carinho que ela não teve.
Por Ednéia Silva / Foto: Divulgação