O governo federal anunciou na segunda-feira (17), a criação de um grupo de trabalho para discutir medidas que apoiem a oferta de gás metano e biometano para a indústria brasileira. O anúncio foi feito durante o seminário “Gás para Reindustrialização do Brasil” promovido pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) em parceria com o Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) e a Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro).
Farão parte do grupo de trabalho o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e Serviços, Ministério de Minas e Energia, Ministério da Casa Civil e Ministério da Fazenda, além da Petrobrás.
O evento contou com a participação presencial do vice-presidente, Geraldo Alckmin, e com o presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates. O Ciesp que representa 8 mil indústrias do estado de São Paulo, foi representado no seminário por seu presidente, Rafael Cervone. Recentemente, Cervone participou do anúncio oficial de um acordo entre os setores de cerâmica e o sucroenergético para o fornecimento de gás natural biometano a partir do bagaço da cana-de-açúcar. O evento aconteceu no município de Santa Gertrudes no interior de São Paulo.
O tema do gás foi permeado durante o evento por discursos voltados à reindustrialização do país. Alckmin lembrou de dados fornecidos pelo Ciesp e a Fiesp apontando que a indústria brasileira, que já chegou a representar 30% do PIB (Produto Interno Bruto), hoje não passa de 11%. Durante o evento, o vice-presidente voltou a afirmar que o governo fará a reforma tributária e disse acreditar que a ancoragem fiscal irá resultar na redução da taxa de juros. Ele também lembrou que recentemente, o Governo eliminou a taxa do Certificado de Origem para a exportação de frango e que isso irá se estender a todas as cadeias produtivas.
Sobre o grupo de trabalho para discutir as políticas de apoio à produção de gás, o vice-presidente, quer incluir também outros pequenos produtores além da Petrobrás. “Eu acho que esse grupo de trabalho vai trazer bons frutos para a gente poder reduzir o preço do insumo e podermos ter mais competitividade, gerar mais investimentos e empregos”, disse Alckmin.
Já o presidente da Petrobrás afirmou que a empresa está aberta para participar do projeto de reindustrialização do Brasil e chamou gás natural de “coluna vertebral fundamental.”
De acordo com ele, a Petrobrás irá trabalhar pela transição energética com os marcos legais que estão aguardando por votação, como o da energia eólica offshore. “Nossa ideia é que tenhamos, lado a lado ao gás natural, o hidrogênio também, companheiro dessa matriz de transformação e de transição”, disse Prates.
Josué Gomes, que é presidente da Fiesp e 1º vice-presidente do Ciesp, lembrou que na primeira vez em que esteve na China, cerca de 20 anos atrás, a energia custava U$S90 megawatts/hora no país asiático, enquanto no Brasil, a energia não chegava a U$S 30 megawatts/hora. “Infelizmente, nas últimas décadas esse cenário praticamente se inverteu. O gás como energia de transição pode e deve desempenhar um papel fundamental para a reindustrialização nacional. Infraestrutura competitiva começa com energia competitiva”, disse Gomes.
Ele ainda citou a indústria cerâmica paulista, que hoje representa 70% da produção nacional deste setor, poderia estar exportando muito mais, não fosse a limitação de energia. Hoje 30% da energia usada neste setor é proveniente do gás natural, enquanto a energia elétrica é 45%. Para ele ainda, a ampliação do fornecimento de gás será um divisor de águas para indústrias como a química, a de vidro, de fertilizantes e até a de panificação, que já utilizam o gás natural.