Sexta-feira Santa, como estabelece a liturgia do Tempo Litúrgico na Igreja, é o dia do silêncio e da adoração, dia no qual se medita com a Via-Sacra a Paixão de Cristo e se repercorre com Jesus o caminho da dor que leva à sua morte, uma morte que, sabemos, não é para sempre. A cor vermelha marca a celebração da Paixão do Senhor e o dia é marcado por jejum e abstinência.
Segundo antiquíssima tradição, a igreja na sexta-feira e no sábado não celebra os sacramentos. Na tarde deste dia, pelas três horas, a não ser que razões pastorais aconselhem horas mais tardias, procede-se a celebração da Paixão do Senhor, que consta de três partes: Liturgia da Palavra, Adoração da Cruz e Comunhão Eucarística.
Nesta Sexta-feira Santa, dia 7 de abril, as igrejas estão silenciosas. Na liturgia não há canto, não há música e não se celebra a Eucaristia, porque todo espaço é dedicado à paixão e à morte de Jesus. Ajoelhamo-nos, para simbolizar a humilhação do homem terreno e a coparticipação ao sofrimento do Senhor. Porém, não é um dia de luto, mas um dia de contemplação do amor de Deus que chega para sacrificar o próprio Filho, verdadeiro Cordeiro pascal, para a salvação da humanidade.
A adoração da Cruz
A cruz está presente na vida de todos os cristãos desde a purificação do pecado no Batismo, absolvição do Sacramento da Reconciliação, até o último momento da vida terrena com a unção dos enfermos. Na Sexta-feira Santa somos convidados a adorar a Cruz para o dom da salvação que conseguimos através da sua vinda.
Depois da ascese quaresmal o cristão está preparado para não fugir do sofrimento. Neste ano, durante a liturgia, os fiéis não tocarão a Cruz, não a beijarão, não estarão presentes nas igrejas por causa da pandemia do coronavírus, mas como pediu Francisco vamos abrir o coração na oração: “Não se esqueçam: Crucifixo e Evangelho. A liturgia doméstica será essa”. “Nos fará bem olhar o crucifixo em silêncio e ver quem é o nosso Senhor: é Aquele que não aponta o dedo contra ninguém, mas abre os braços para todos”, disse na catequese de quarta-feira.
Origem e história
A Paixão de Cristo foi introduzida na Europa pelo dominicano beato Alvaro De Zamora da Cordoba em 1402 e mais tarde pelos frades menores e compreende 14 momentos ou “estações” nas quais nos detemos para refletir e rezar. São uma sequência de crescentes imagens dramáticas que culminam com a morte de Cristo, em cada uma delas Jesus é atacado pelo mal, para evidenciar, por contraste, a vitória d’Ele sobre a morte e sobre o pecado que será celebrada daqui a dois dias com o Domingo da Páscoa da Ressurreição.
Nesta Sexta-feira Santa, 7 de abril, o Papa Francisco presidirá duas celebrações. A primeira será a Celebração da Paixão do Senhor, às 17h (horário de Roma), na Basílica de São Pedro. A segunda será a Via-sacra, às 21h15 (horário de Roma), no Coliseu.
Francisco guiará a Via-Sacra do adro da Basílica vaticana, seguindo as meditações feitas pelos detentos da prisão de Pádua. Cada igreja no mundo irá fazer à sua maneira. A Via-Sacra é uma prática extra litúrgica que muitas vezes é celebrada exatamente na Sexta-feira Santa para evocar e repercorrer juntos o caminho de Jesus para o Gólgota – o lugar da crucificação – e portanto meditar sobre a Paixão. (Fonte: CNBB)
Cristo no Caminho do Calvário é uma pintura de Palma Il Giovane que foi carregada em 30 de julho de 2017. Foto: Reprodução/Internet