A morte da professora Elizabeth Tenreiro, de 71 anos, por um aluno de 13 anos na Escola Estadual Thomazia Montoro na cidade de São Paulo reacendeu a discussão sobre ataques em escolas. O problema, que antes parecia longínquo, chegou a Rio Claro com a descoberta de um plano para um suposto ataque à Escola Estadual “Professora Zita de Godoy Camargo”, localizada no Jardim Hipódromo. Também houve incidente de agressão a um adolescente cubano na Escola Estadual “Professor Michel Antonio Alem”, num caso de xenofobia. O assunto foi alvo de intenso debate entre os vereadores na sessão ordinária desta segunda-feira (3).
A vereadora Caroline Gomes de Melo observou que a ação ostensiva é uma medida posterior aos ataques, por isso é preciso trabalhar na prevenção. De acordo com ela, há necessidade de cumprir a lei federal que prevê que cada escola da educação básica tenha um psicólogo. “Não basta apenas a ação ostensiva, é necessário fazer o preventivo e chegar ao cerne do problema sobre o que leva esses jovens a cometerem essas barbaridades”, frisou.
A parlamentar comentou ainda que a educação das crianças e adolescentes começa no berço e dentro de casa, e não deve ser terceirizada para a escola. Carol sugeriu que seja feito um planejamento intersetorial envolvendo as áreas de “ação social, saúde mental, assessoria da juventude, comissões da Câmara, educação e governo estadual” para discutir e planejar possíveis soluções para o problema. “É urgente construir uma rede apoio para ajudar nossos adolescentes”, disse.
O assunto também foi abordado pelo vereador Alessandro de Almeida. O parlamentar protocolo requerimento solicitando à Secretaria Municipal de Segurança e Defesa Civil que tome providências para que guardas municipais, professores e pais façam treinamento gratuito oferecido pelo Baep (Batalhão de Ações Especiais de Polícia) para saber como agir nesses casos, ou seja, como neutralizar um atirador ativo. “O que precisa é treinamento do corpo docente/discente para identificar os casos e agir preventivamente”, comentou.
Almeida destacou ainda que o município tem vários projetos e leis municipais que tratam do assunto, de combate ao bullying a outros tipos de violência nas escolas, mas que infelizmente as ações não são executadas e ficam apenas no papel. “Leis não faltam, o problema é a forma de abordagem e a falta de execução”, pontuou.
“Esse barril de pólvora nas escolas não pode ser ignorado. Falta planejamento e nesse caso específico é absolutamente importante que seja feito o básico, ou seja, gestão e planejamento”, ressaltou o vereador Serginho Carnevale. Para Vagner Baungartner, o município não precisa “inventar a roda” e pode copiar o que está dando certo em outros lugares para agilizar os procedimentos.
O vereador Moisés Marques sugeriu ampliar a ronda escolar da Guarda Civil Municipal (GCM), serviço que pode ser feito com envolvimento da iniciativa privada e do terceiro setor. Ele também cobrou agilidade na implantação do Centro Integrado Multidisciplinar ambulatorial de apoio às crianças, adolescentes e adultos da rede municipal de ensino.
Para Luciano Bonsucesso, o problema não está somente dentro das escolas, mas também dentro de casa, sendo que muitas famílias não têm “o que comer”. Conforme ele, o problema é social, visto que o crime está muito à frente das estruturas que dispomos para combatê-lo. Rafael Andreeta comentou que as escolas estão carentes de solução para problemas simples de infraestrutura e que o tratamento da violência tem que ser feito de forma precoce para surtir efeito.
Na opinião de Irander Augusto falta planejamento familiar e emocional. Segundo ele, as famílias têm filhos sem planejamento e, muitas vezes, sem condições emocionais e financeiras. Hernani Leonhdardt lembrou que as escolas são do governo do estado, mas os alunos são de Rio Claro e o município tem que agir.
Silvado Faísca sugeriu chamar todos os órgãos e entidades que atendem crianças e adolescentes para aderir a essa mobilização. Geraldo Voluntário reforçou a importância da união de esforços para discutir e tratar o tema.
Por Ednéia Silva / Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil