Ação de quadrilha tem desfecho cinematográfico em Rio Claro

Na madrugada dessa quarta-feira (27), quadrilha fortemente armada – possivelmente formada por 30 homens – organizada e ocupando seis veículos cercaram o Jardim Público. Toda a ação durou cerca de 50 minutos e resultou na explosão dos cofres das agências da Caixa e do Banco do Brasil, localizadas na Rua 3. Enquanto praticavam a ação, efetuavam muitos disparos para o alto.

Além do tiroteio ouvido não somente no Centro, mas em vários bairros da cidade, moradores ouviram também conversas entre os bandidos, que diziam: “Vamos, vamos”. Se comunicavam para deixar o local. “A fala era calma, estavam tranquilos, do tipo ‘acabou o trabalho vamos embora logo’”, esse é o relato de uma moradora de um dos prédios em frente ao Jardim Público, que ouviu tudo.

E a tranquilidade toda dos criminosos é possível constatar em imagens da Central de Monitoramento da Secretaria de Segurança de Rio Claro. Toda movimentação dos bandidos foi registrada às 3h11 da madrugada dessa quarta-feira (27), quando as primeiras imagens mostram os carros ocupados pelos indivíduos passando pela Avenida 3 com Rua 7. Em seguida, dois minutos depois, eles aparecem cercando o Jardim Público. Era 3h13 quando param na esquina da Prefeitura na Avenida 3 e efetuam disparos contra uma das câmeras que param de registrar as imagens.

Mas outros quatro equipamentos flagram a ação. O momento que atiram constantemente para o alto e bandidos saindo de uma das agências carregando com tranquilidade sacolas pesadas, contendo os materiais que conseguiram furtar dos cofres dos bancos. A cena de terror durou em média 50 minutos. Em seguida eles abandonam o centro do município em tropa. Na câmera que fica na 29 o registro dos criminosos deixando a cidade, da mesma forma, um veículo atrás do outro, em direção à Santa Gertrudes.

O forte armamento e a organização dos criminosos chamaram a atenção, demonstrando que tudo foi muito bem planejado. “Estamos acostumados a ver ações em cima de caixas eletrônicos e dessa vez foram nos cofres dos bancos, em dois de forma simultânea. Eram várias pessoas, vários veículos e armamento de guerra, isso chama atenção pelo perigo e da dimensão do que aconteceu. Demonstrou organização dos marginais, a calma, distribuição do terreno para conseguir obter êxito”, avalia o Secretário de Segurança Pública de Rio Claro Marco Antonio Bellagamba.

Duas agências foram alvos dos indivíduos, a Caixa Econômica Federal que fica na Rua 3 e o Banco do Brasil da Avenida 2 esquina com Rua 3. “Foi muito assustador, acordei não sabia o que estava acontecendo, fui para o corredor do apartamento com minha filha e ficamos deitadas no chão, com medo”, declarou outra moradora.

Aos moradores de rua que dormem em frente à Caixa Econômica os bandidos ordenaram para que deixassem o local sem olhar para trás. Policiais Militares de Rio Claro, Araras e Limeira estiveram ainda na madrugada no local, além da Guarda Civil Municipal que monitorou toda ação dos bandidos.

CÁPSULAS

Logo após a ação, policiais encontraram na região do crime cápsulas de pistola calibre 9mm e de fuzis. Além das armas, os bandidos estavam bem equipados com roupas especializadas, como coletes à prova de bala e até capacetes.

Um morador do bairro Jardim Conduta levou um susto ainda maior. “Acordamos de madrugada, com um estrondo na claraboia de casa que fica no meu quarto, quando constatei a bala caída, pegou no cano que desce a água da chuva”, relata o morador Denis Miranda. A esposa dele conta sobre o susto. “Aqui do bairro escutamos tudo também, quando aconteceu o estrondo em casa ficamos mais assustados e logo imaginamos o pior”, conta Alessandra de Sampaio Miranda.

REDES SOCIAIS

Ainda de madrugada questionamentos de pessoas assustadas, vídeos e fotos começaram a movimentar as redes sociais. Moradores da região se arriscaram para fazer imagens com celulares, mostrando os tiros efetuados pelos bandidos, que no alto se via de longe.

“Chamo a atenção das pessoas que durante todo o tiroteio, colocaram suas vidas em risco filmando ao vivo, se arriscando, isso é medida que deve ser evitada. E mesmo depois da saída dos marginais, imediatamente pessoas invadiram a área que deveria ser preservada, podendo interferir a investigação, pois não sabíamos se havia mais explosivo no local” salienta o secretário de segurança.

O Secretário comentou também sobre às críticas ao setor de segurança em geral. “Críticas construtivas são bem vindas, e as que são desprovidas de conhecimento técnico, que não tem referência ou não tem conhecimento das proporções dos danos de uma intervenção mal feita devem ser menosprezadas. Nós não podemos responder críticas de pessoas que não conhecem a atuação da polícia e a dimensão do problema”, observa.

ESTRATÉGIA EMPREGADA

Segundo Bellagamba em uma ação como essa deve-se ter estratégia e isso foi feito. “Ressalto a forma de prevenção e interceptação por conta das forças policiais que se reuniram de forma organizada e traçaram uma estratégia de interceptação fora de uma área que pudesse aumentar o risco da população. Foi uma preocupação das equipes que estavam presentes. Uma troca de tiros naquele momento poderia trazer consequências graves, foi deliberado pelo comandante das organizações para prevenir um risco maior.  É armamento de guerra, você não pode se aproximar colocando em risco a vida dos policiais e da população”, finaliza.