A falta de políticas públicas de incentivo e o desmonte dos órgãos de defesa do meio ambiente e da defesa dos povos tradicionais são entraves para uma economia sustentável calcada na sociobiodiversidade. Na audiência pública da Comissão de Meio Ambiente (CMA) esse foi o alerta dado por especialistas e senadores referente ao tema.
As políticas públicas devem atuar para que não haja o extermínio das populações indígenas e invasão de seus territórios, facilitando o desenvolvimento de atividades de extração, produção, para que a economia visando a sociobiodiversidade tenha progresso.
Muitas vezes, as comunidades indígenas, comunidades quilombolas e tradicionais, fazem o papel do Estado, defendendo toda a forma de vida, defendendo as políticas ambientalistas. Os governantes devem optar por um governo da vida e não da morte.
A principal característica dessa economia sustentável é a relação de interdependência de sistemas socioculturais de uma região e a diversidade biológica. Os recursos gerados dessa biodiversidade são reconhecidos internacionalmente por sua sustentabilidade. Como exemplo citamos os modos de produção das comunidades indígenas, comunidades quilombolas e tradicionais, extrativistas da Amazônia, ribeirinhos, entre outros.
O problema gerado nos dias atuais é o apagão de informação referente sobre o que produzem, como circula essa produção, como ela dinamiza a economia local, seus ciclos de comercialização, a renda gerada e essa falta de informações dificulta a elaboração de políticas públicas eficientes e necessárias.
A economia da biodiversidade está associada diretamente ao trabalho pela preservação e proteção dos territórios tradicionais de uso coletivo, pela valorização do modo de vida dos guardiões da floresta, águas e do campo. Agindo dessa forma torna-se fácil fazer o combate a fome e pobreza com a economia da biodiversidade assumindo seu verdadeiro papel, garantindo por meio de políticas públicas a floresta em pé, fortalecendo o processo de governança territorial e valorização sociocultural.
Os mercados da sociobiodiversidade segundo pesquisadores e especialistas são muito imperfeitos e incompletos em nosso país. Faz-se necessário investir em conhecimento científico e tecnológico, organizar toda a cadeia e munir de infraestrutura as regiões de floresta como no caso da Amazônia e do Cerrado.
Pesquisadores e especialistas também enfatizam que precisamos sair da lógica de provedores de insumos para as empresas, para a lógica que valorizam o conhecimento tradicional, inovando a partir do mesmo.
Muitas cooperativas trabalham com uma equipe de técnicos multidisciplinares apoiando agricultores, comunidades e quilombolas, ajudando-os na gestão de processos, na organização da burocracia, da logística, para segurarem as planilhas de custo, diante de um mercado tão cruel.
Concluindo, o Brasil precisa garantir que aqueles que já são oprimidos não sejam excluídos historicamente, sendo assim, as políticas públicas devem ser elaboradas para garantirem um novo capítulo para esse cenário.