Apesar de muito conhecida entre a população adulta, a artrite — doença inflamatória crônica que afeta diversas articulações — também prejudica crianças e adolescentes, podendo surgir desde o primeiro ano de vida. “A Artrite Idiopática Juvenil (AIJ), também conhecida como doença de Still ou Artrite Reumatóide Juvenil, é um conjunto de doenças autoimunes que aparecem antes dos 16 anos de idade, atingindo as articulações e outros órgãos, como a pele, os olhos e o coração”, explica Cláudia Goldenstein Schainberg, especialista em Reumatologia e Reumatologia Pediátrica e professora e mentora de novos profissionais na Universidade de São Paulo (USP).
De acordo com ela, a causa da AIJ ainda não é conhecida, e até mesmo sua incidência não é exata em nosso país. No entanto, estudos recentes comprovam que além da tendência familiar, fatores externos como infecções virais e bacterianas, estresse emocional e traumatismos articulares atuam como gatilhos para o desencadeamento da doença, cujos principais sintomas são dores, rigidez, inchaço e vermelhidão nas articulações.
“Seu diagnóstico é clínico, baseado na presença de artrite em uma ou mais articulações com duração de, no mínimo, seis semanas. Não é fácil identificar casos de AIJ, visto que seus principais sintomas são comuns em inúmeras doenças, como as infecções”, comenta Cláudia. Por isso, além das dores e inflamações, outros fatores levados em consideração para um diagnóstico preciso são: rigidez matinal, fraqueza ou a falta de capacidade na mobilização das articulações, além de febre alta diária por mais de duas semanas.
Classificada em diversas categorias, os três tipos mais comuns de Artrite Idiopática Juvenil são pauciarticular — ou oligoarticular —, em que são atingidas até quatro articulações, causando também a inflamação dos olhos, o que demanda consultas regulares ao oftalmologista; poliarticular, em que são afetadas cinco ou mais articulações, principalmente joelhos, tornozelos, punhos, cotovelos e pequenas juntas das mãos e pés; e sistêmica, que se caracteriza através da presença de artrite junto à febre alta, erupção na pele, serosite e aumento de fígado e baço. Outros tipos de AIJ são artrite psoriásica infantil, artrite relacionada à entesite e indiferenciada.
“A boa notícia é que, apesar das dificuldades, uma vez diagnosticada a doença e iniciados os tratamentos de maneira precoce, as inflamações são controladas e os pacientes conseguem retornar às atividades normalmente. Em alguns casos, é necessário fisioterapia e, nos mais extremos, recomenda-se o acompanhamento psicológico, visto que a doença crônica impacta diretamente vários âmbitos da vida da criança e dos familiares”, informa a especialista.
Segundo ela, é muito importante que os pais e professores mantenham-se atentos a sinais de alteração de comportamento nos pequenos. Além dos indícios físicos, como dificuldade na movimentação, os pacientes frequentemente possuem modificações de humor por conta das dores, apresentando picos de tristeza ou raiva.
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