Um estudo arqueológico da área escolhida para implantação de barragem na bacia hidrográfica do rio Corumbataí, entre Rio Claro e Ipeúna, foi contratado pela Agência das Bacias PCJ e deve ser iniciado nos próximos dias. A ordem de serviço será emitida pela Coordenação de Projetos PCJ. O prazo de conclusão é de cinco meses. A empresa contratada, através de licitação, é a A Lasca Consultoria e Assessoria em Arqueologia, de São Paulo, por R$ 32.904, provenientes da Cobrança PCJ Federal (cobrança pelo uso da água em rios de domínio da União).
A decisão de promover um estudo arqueológico na Área Diretamente Afetada (ADA) para implantação do reservatório visa entender os impactos ao patrimônio arqueológico e natural. Para o futuro licenciamento ambiental perante os órgãos ambientais torna-se necessário elaborar um estudo arqueológico na região a ser implantado o reservatório, conforme exigência do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). A Bacia Hidrográfica do rio Corumbataí, no contexto geomorfológico, está inserida na depressão periférica paulista, nas zonas do médio tietê e cuestas basálticas e possui áreas com achados arqueológicos diversos, incluindo a presença de sítios arqueológicos. Alguns deles estão localizados na área a ser construído o barramento, como o sítio Alice Boer e Serra d’Água.
“É um estudo importante, que vai aprofundar os conhecimentos sobre a área e servirá de subsídio para que possam avançar as demais etapas ou ter revisão de metas e objetivos”, avaliou o secretário-executivo dos Comitês PCJ, André Navarro.
Segundo o diretor-presidente da Agência das Bacias PCJ, Sergio Razera, o estudo arqueológico poderá definir ou não a escolha da área. “Hoje a gente tem um estudo de alternativas de abastecimento que define um ponto para ser construído o barramento. Esse estudo arqueológico é um aprofundamento das informações que vai possibilitar dizer se será ali naquele ponto ou não, se temos que buscar outros pontos. Esse estudo é, então, fundamental para a gente verificar o que fazer em relação aos sítios arqueológicos. Nós queremos respeitar esses sítios e a história deles, buscando informações sobre o que fazer e como fazer”, ressaltou Razera.
A primeira reunião técnica sobre a emissão da O.S. foi realizada na terça-feira, 6 de setembro. Além de Navarro e Razera, estiveram presentes o diretor do DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica) regional da Bacia do Médio Tietê, Felipe Gobet de Aguiar; a responsável pela unidade de Administração de Recursos Hídricos do DAEE, Sarah Quental; a diretora técnica da Agência das Bacias PCJ, Patrícia Barufaldi, e a coordenadora de Projetos, Elaine Franco de Campos e sua equipe, que ficará responsável pela gestão do contrato, além do diretor da A Lasca, Luiz Juliani.
PROJETO BÁSICO
Paralelamente ao estudo arqueológico, a Agência das Bacias PCJ, por deliberação dos Comitês PCJ, contratou em junho empresa para a realização do projeto básico do empreendimento. A construção de um reservatório na bacia hidrográfica do rio Corumbataí é uma das medidas propostas pelos Comitês PCJ e Agência das Bacias PCJ para garantir água na região nos próximos 20 anos.
A elaboração do projeto básico está em andamento e deve ser concluída até o final deste ano. A empresa vencedora da licitação para o projeto básico foi a Hidrostudio Engenharia, de São Paulo. A implantação desse reservatório não exclui outras providências que vêm sendo tomadas pela Agência e Comitês PCJ, como o investimento na proteção de mananciais, no tratamento do esgoto e no combate às perdas de água. O projeto básico é um estudo mais aprofundado, sobre a viabilidade do empreendimento.
RESERVATÓRIO
A construção do reservatório foi anunciada pelo governo do estado de São Paulo em outubro de 2021, dentro do programa “Água é Vida”, que irá investir cerca de R$ 54,3 milhões neste empreendimento. O investimento foi contemplado em atendimento ao pleito do presidente dos Comitês PCJ, o prefeito de Piracicaba, Luciano Almeida. Considerando estudos iniciais, o ponto mais favorável para instalação da barragem está no limite dos municípios de Ipeúna e Rio Claro (SP), na confluência do rio Passa Cinco e Ribeirão Cabeça, mas o aprofundamento dos estudos é que vai definir a localização do reservatório. A capacidade máxima de armazenamento será de 1,7 bilhão de litros, sendo possível uma vazão regular de 5,06 m3/s. A princípio, o reservatório visa abastecer os municípios de Piracicaba e Rio Claro, podendo, no futuro, abastecer outros municípios como, por exemplo, Iracemápolis e Ipeúna.
A necessidade desta barragem foi detectada mediante diretrizes do Plano das Bacias PCJ ao analisar a demanda atual e futura por água nesta região. Com isso, foi iniciado um estudo de alternativas de abastecimento em 2018 pela Agência das Bacias PCJ e concluído em 2020. O resultado técnico deste estudo, que avaliou sete pontos favoráveis em diferentes locais da bacia do Corumbataí, concluiu como sendo o mais viável a confluência dos rios entre Rio Claro e Ipeúna.
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