A cada ano são registrados 700 mil suicídios em todo o mundo, segundo pesquisa realizada em 2019 pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Esses números são de dados oficiais, mas podem ser bem maiores devido às subnotificações de episódios. A estimativa é que ocorra mais de um milhão de suicídios por ano. No Brasil, são cerca de 14 mil casos por ano. Isso significa que, em média, 38 pessoas cometem suicídio por dia.
Para diminuir esses números, desde 2014, o país realiza a campanha Setembro Amarelo que foca na prevenção ao suicídio. Ações ligadas ao tema são realizadas ao longo do mês para orientar e conscientizar a população sobre a importância de cuidar da saúde mental. A campanha é organizada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM). Neste ano, a iniciativa tem como tema “A vida é a melhor escolha!” e diversas ações já estão sendo desenvolvidas.
De acordo com a ABP e o CFM, “todos nós devemos atuar ativamente na conscientização da importância que a vida tem e ajudar na prevenção do suicídio, tema que ainda é visto como tabu. É importante falar sobre o assunto para que as pessoas que estejam passando por momentos difíceis e de crise busquem ajuda e entendam que a vida sempre vai ser a melhor escolha”.
A orientação é para que as pessoas que enfrentam dificuldades emocionais procurem ajuda. O CVV (Centro de Valorização da Vida) pode ajudar nesse caminho. Há mais de 60 anos a entidade trabalha com apoio emocional e prevenção ao suicídio. O atendimento é anônimo, gratuito e sigiloso. Basta apenas ligar para a linha 188 (ou acessar o site cvv.org.br) a qualquer hora do dia ou da noite, para encontrar uma pessoa preparada e pronta para ouvir e ajudar.
Segundo o CVV, conversar sobre o tema é fundamental. “Falar de prevenção do suicídio ainda é um tabu. O movimento Setembro Amarelo surgiu com o objetivo de conscientizar a sociedade deste problema de saúde pública e da necessidade de políticas de prevenção. É preciso falar sobre o assunto, mas com responsabilidade, informação e empatia, sem aumentar a dor de quem já está em sofrimento”.
Especialistas orientam
Os organizadores da campanha Setembro Amarelo divulgaram no portal www.setembroamarelo.com uma série de vídeos com profissionais falando sobre o suicídio. Em um deles, a psiquiatra Alexandrina Meleiro destaca a importância do diálogo. “Abordar uma pessoa que está em risco de suicídio começa conversando com ela para identificar em que nível ela está desse risco: leve, moderado ou grave. Se é de moderado para grave não devemos deixar essa pessoa sozinha e encaminhá-la para um especialista que possa dar a assistência necessária”, orienta a médica frisando a necessidade de, sempre que possível, identificar os motivos que estão ocasionando essa condição suicida.
O médico psiquiatra Ronaldo Laranjeira foca no relacionamento. “O pior que pode acontecer para uma pessoa que está com ideia de morte e suicídio é a pessoa se isolar socialmente. A família e os amigos devem tentar se aproximar dessa pessoa, por mais que ela não queira. Ela deve se sentir parte de uma relação com pessoas que valorizem a vida dela”, aconselha.
O médico Drauzio Varela alerta para que as pessoas levem a sério as manifestações de suicídio. “Às vezes, as pessoas não levam a sério quando ouvem alguém falar em tirar a própria vida. Todas as pessoas que manifestam essa intenção têm que ser encaminhadas para tratamento. Por trás de cada intenção há sempre uma doença que precisa ser tratada”, afirma.
Dados sobre suicídio
O suicídio é um importante problema de saúde pública, com impactos na sociedade como um todo. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), todos os anos, mais pessoas morrem como resultado de suicídio do que HIV, malária ou câncer de mama – ou guerras e homicídios.
Entre os jovens de 15 a 29 anos, o suicídio foi a quarta causa e morte depois de acidentes no trânsito, tuberculose e violência interpessoal. Trata-se de um fenômeno complexo, que pode afetar indivíduos de diferentes origens, sexos, culturas, classes sociais e idades.
As taxas variam entre países, regiões e entre homens e mulheres. No Brasil, 12,6% por cada 100 mil homens em comparação com 5,4% por cada 100 mil mulheres, morrem devido ao suicídio. As taxas entre os homens são geralmente mais altas em países de alta renda (16,6% por 100 mil). Para as mulheres, as taxas de suicídio mais altas são encontradas em países de baixa-média renda (7,1% por 100 mil). (Fonte: ABP)
Por Redação DRC