Desde outubro já morreram 27 pessoas e milhares foram forçadas a fugir, várias vezes, devido a incêndios devastadores, que queimaram mais de 10 milhões de hectares – numa área semelhante à da Coreia do Sul – provocando igualmente a perda de milhares de espécies naturais e uma catástrofe ecológica.
Cientistas do clima alertam que a frequência e intensidade dos incêndios irá se agravar à medida que o continente australiano se tornar mais quente e seco. O Diário do Rio Claro conversou com dois rio-clarenses que moraram no País e comentam sobre a situação frequente de incêndios na região.
O professor de inglês Lucas Pavlinscenkyte conta que morou em uma área de risco na Austrália e segue mantendo contato com as pessoas que vivem lá. Lucas explica que nas rodovias existe um sinalizador eletrônico que indica o nível de periculosidade. “Eles possuem um conselho de proteção para esses casos de risco do fenômeno ‘bushfire’. Eu morava junto com uma família, e eles disseram que praticamente todos os meses de verão ocorria o fenômeno do ‘bushfire’. Inclusive, algumas vezes tive a oportunidade de fazer trilha nas florestas de eucalipto e dava para notar diversos focos de incêndio, onde as árvores estavam mortas e carbonizadas”, disse.
Entretanto, segundo o professor, desta vez os incêndios foram em um grau maior, ocasionando, inclusive, na queda de energia do subúrbio. “É puramente por conta das temperaturas elevadas e pelo fato do buraco na camada de Ozônio estar em estado crítico na região da Austrália. A junção dessas duas coisas causa o ‘bushfire’. Inclusive, sobre a possibilidade de incêndios criminosos, eles são super restritos quanto aos visitantes que vão aos parques nacionais, o que dificulta ainda mais a possibilidade de ocorrer tal crime”, esclarece Lucas, destacando que quem mais sofre com isso são os animais, sobretudo os coalas. “Os coalas possuem uma movimentação bastante lenta, eu até visitei um ‘santuário’ de reabilitação animal/veterinária para os coalas.”
Quem também ressalta os perigos aos animais é a empresária Prazeres Pavan, que retornou da região há pouco tempo. “Os coalas estão sem água e muitos morcegos e cangurus morreram também, a preocupação agora é com o ecossistema. Os animais estão sentindo muito”, comentou.
Segundo Prazeres, em todo o lugar o vento está muito quente e o cheiro de fumaça chega a arder os olhos. “O povo está muito assustado, é bombeiro passando a toda hora, a televisão não mostra outra coisa, é muito preocupante”, destaca a empresária, que estava no trecho mais atingido pelo fogo, no Sul da Austrália.
Foto: FRNSW – Fotos públicas