“Tupãzinho, Fabinho na ponta. Bom lance do Fabinho, bom lance do Fabinho! Tupãzinho, Fabinho fechou. Grande! Entre as pernas, Fabinho, olha gol, olha o gol, goool! Tupãzinho em uma jogada sensacional”. Foi assim a narração do gol do primeiro título Brasileiro do Corinthians na voz do saudoso Luciano do Valle.
E mesmo 30 anos depois, o camisa 9 não esquece o lance que marcou a sua carreira. “Chega até arrepiar. Parece que esse jogo foi no final de semana, e faz 30 anos”, recordou Tupãzinho, autor do único gol daquele 16 de dezembro de 1990, no Morumbi.
Coroado campeão nacional pela primeira vez em sua história, o Corinthians contou com uma campanha de superação para chegar ao topo nacional. Até a final, o clube passou por diversas mudanças, inclusive no comando técnico, onde Nelsinho Baptista, vice-campeão paulista daquele ano com o Novorizontino, assumiu o posto de treinador no lugar de Zé Maria, um ex-pugilista.
Com o técnico, o clube de Parque São Jorge também contratou o preparador físico Flávio Trevisan, profissional muito elogiado por Tupãzinho. “Ele treinava a gente demais. Sempre nos incentivava a buscar sempre o melhor”, disse.
Campanha
Na primeira fase, o Corinthians se classificou com oito vitórias, seis empates e cinco derrotas. A pontuação foi suficiente para avançar às quartas de final pelo índice técnico. Na época, o regulamento previa que os 20 clubes fossem divididos em dois grupos de 10. Na primeira parte, os times enfrentavam as equipes da outra chave e os dois melhores garantiriam a classificação. No segundo turno, os clubes duelavam apenas com os times do próprio grupo. Os dois primeiros também se garantiam, além dos outros quatro melhores na pontuação geral contabilizando as duas ‘pernas’.
Assim, o clube alvinegro avançou e teve o Atlético-MG pela frente. Por ter melhor campanha, os mineiros tinham a vantagem de jogar por dois resultados iguais. Na partida de ida, no Pacaembu, o Corinthians venceu por 2 a 1, com dois gols de Neto. No Mineirão, o empate sem gols classificou o time paulista. “Eles vinham fazendo uma excelente campanha, foi ali que nosso time pegou confiança”, enfatizou Tupãzinho.
Na semifinal, o adversário foi o Bahia e novamente o Alvinegro venceu por 2 a 1 no Pacaembu, de novo com gols de Neto. Assim como na fase anterior, uma igualdade sem tentos carimbou a vaga corintiana na decisão contra o rival São Paulo.
‘Final Majestosa’
Pela terceira vez na história até então, dois clubes paulistas decidiriam a final do Campeonato Brasileiro (Guarani e Palmeiras -1978- e São Paulo e Guarani -1986- já haviam representado o futebol local). Mas seria a primeira vez que São Paulo e Corinthians faziam uma final ‘Majestosa’ pelo torneio nacional. No primeiro jogo, no dia 13, o Alvinegro venceu com gol solitário de Wilson Mano e mais uma vez teria a vantagem de jogar por um empate na volta para ficar com a tão sonhada taça.
Vice-campeão brasileiro em 1989, o São Paulo, de Telê Santana, tinha grandes nomes do futebol canarinho como Zetti, Cafu, Leonardo e Raí, dentre outros. Ciente da necessidade de buscar o resultado positivo, o Tricolor pressionou o Corinthians em busca do gol que daria o título ao clube do Morumbi.
Mas apesar de toda a pressão, o Corinthians se segurou e em um contragolpe, já na segunda etapa, marcou com Tupãzinho. O camisa 9 corintiano tramou jogada com Fabinho e, após rebote de Zetti, deu um carrinho e empurrou a bola para o gol vazio. “Minha única alternativa foi dar o carrinho, porque se eu tento correr não ia conseguir chegar”, relembrou.
Consagrado como primeiro campeão brasileiro pelo Corinthians, o ex-jogador alvinegro brincou em relação à festa do título. “Não tinha nenhuma festa marcada, até hoje não teve, faz parte. Mas a equipe era muito unida”, recordou aos risos.
Por Breno Benedito/Federação Paulista de Futebol / Foto: Agência Corinthians