“A água é um direito humano fundamental e um bem comum”, por ser essencial à vida e a todas as atividades humanas.
A água é um bem comum por ser um recurso compartilhado, cujo benefício se estende a todos os membros de uma comunidade humana, mas as diversas comunidades de cada um dos seres vivos que conosco convivem no mesmo ambiente.
Como direito humano e bem comum, a água não deveria ser cobrada e o acesso a ela deveria ser livre e igual para todos. *Aí começam as encrencas, as brigas e pode virar até mesmo uma guerra mundial*
A água é um recurso natural frágil e vulnerável, que pode ser ou se tornar escasso por motivos ambientais, climáticos, políticos ou sociais. Por escassez de água, aqui se entende todos os tipos de insuficiências, seja em quantidade ou qualidade, visto que um único poço para uma grande concentração de pessoas é tão insuficiente quanto um rio caudaloso contaminado, como é o caso do Rio Doce nos dias de hoje.
“Para complicar ainda mais um pouco”. Temos a multiplicidade de usos que fazemos da água. Abastecimento para todos seres vivos, para sobrevivência e higiene pessoal, energia, irrigação, lazer, processos industriais, transporte, que frequentemente se traduz em alterações na quantidade e na qualidade, empurrando para longe o idealizado acesso livre e igual para todos. Não raro, esse uso desigual da água é mantido às custas de guerras, conflitos, disputas judiciais ou muita papelada burocrática.
Mesmo assim, a água continua sendo um recurso natural frágil e vulnerável. Continua capaz de se evaporar aos olhos de quem se declara proprietário sem cuidar de sua conservação. Continua sendo imprestável para o próprio usuário que dela fizer um mero depósito de esgotos, de lixo de contaminantes comerciais, industriais ou de venenos agrícolas, exemplo: a represa “Guarapiranga”, na cidade de São Paulo, ou a lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro.
Sempre lembro-me de um trecho de uma velha marcha carnavalesca, que dizia: “AS ÁGUAS VÃO ROLAR.” Realmente as águas rolam, atravessando propriedades, matas, campos e cidades, entrando e saindo de sistemas agrícolas, industriais ou hidroelétricos. Não é possível separar “pedaços” como fazemos com a terra ou com outros bens. É preciso cuidar de tudo, em parcerias com todos os usuários – rio acima e rio abaixo – e dotar comunidades da mesma bacia hidrográfica, que vivem sob as mesmas chuvas.
Quando éramos crianças, no grupo escolar, aprendemos a desenhar rios e lagos e também como funciona o ciclo das águas, que evapora sob o sol para formar aquelas nuvens escuras, que acabam virando chuviscos ou chuvas.
Já no fim do grupo escolar, tendo adquirido mais conhecimentos, ficamos sabendo que as águas se infiltravam no solo, formando as nascentes, os riachos, os rios, engrossando os cursos d’água que se unem para o correr até o mar, onde se repete a representação da evaporação, das nuvens e das chuvas.
O lado triste da história… A população mundial nos dias de hoje é de cerca de 7,5 bilhões de pessoas. Mas cerca de 30% desta população não tem acesso à fonte de água limpa.
Toda vida na terra depende da água…. Isto desde de cerca de 3 bilhões de anos… Não mais de 200 anos, nós, da raça humana, multiplicamo-nos de forma única e inédita.
RESULTADO: hoje, estima-se que mais de 90% da água limpa disponível no planeta esteja sendo usada para atender algum tipo de consumo, seja para uso doméstico (0,08%), seja para abastecer a nossa produção de alimentos (70%) ou o nosso uso industrial (22%), segundo a “WORLD HEALTH ORGANIZATON”.
A HIDROSFERA E O CICLO DAS ÁGUAS…
Ao volume de água existente tanto na atmosfera, como em todo planeta dá-se o nome de hidrosfera. Essa água se movimenta, muda de estado, mas segue sendo a mesma há milhões de anos.
Quem nos explica o fenômeno do ciclo das águas é o estudioso norte americano Art Sussman, que em sua obra “Guia para o planeta terra” nos ensina: a hidrosfera, o sistema de águas do planeta terra, é um sistema fechado, nenhuma água nova entra na hidrosfera, nenhuma água usada sai da hidrosfera.
A mesma água passa de um reservatório a outro, circulando continuamente. Ilustrando esta visão científica e, a um só tempo, altamente fascinante da relação entre o ciclo das águas e a vida na terra, o professor SUSSMAN afirma: “pense num de nossos ancestrais que viveram na África um milhão de anos atrás; ou num dinossauro que viveu há 70 milhões de anos (…) Seja o que for que você resolveu levar em consideração, esse organismo bebeu água durante toda sua vida (…) Agora, encha um copo com água. Esse copo que você segura nas mãos hoje contém mais de 10 milhões de moléculas de água que um dia passaram pelo corpo dos nossos ancestrais Africanos e dos Dinossauros (…).
Podemos afirmar que o total de água existente (97,25%) está nos oceanos, e é água salgada. Nas calotas polares e geleiras estão concentradas outros (2,05%) e, da quantidade restante (0,70%), encontra-se em áreas remotas e de difícil acesso.
Por Waldemar Bóbbo, presidente do IPSA-C (Instituto de proteção sócio ambiental da bacia do rio Corumbataí); diretor da “UGP Nascentes de Analândia”; membro do conselho deliberativo da fundação comitês de bacias PCJ.