O ano era 1991, mais precisamente dia dois de janeiro, e o recém-nascido aparecia nas páginas do Diário como o primeiro bebê do ano de Rio Claro: Kaio Vinícius Zimmermann.
Nasceu em um hospital particular do município com 3.650 quilos e 49 centímetros, filho de Marlene de Oliveira e Celso Fernando. A mulher, que na maternidade recebeu a equipe do Diário do Rio Claro, afirmou: “a chegada de um filho é uma dádiva de Deus para vida de uma mãe, uma expectativa muito grande. Filho é tudo de bom e eu estava feliz demais com o nascimento do meu. Aí, chegou a notícia de que o jornal queria nos fotografar para uma entrevista, Eu achei muito legal e aceitei”, relembra a mãe.
Claro que o jornal ficou guardado para recordar e mostrar para todos que assim que chegou ao mundo, virou notícia. “Eu comento com todo mundo. É uma coisa que posso mostrar para meus filhos e também a data é interessante por ser começo do ano. Foi gratificante ao nascer, sair no jornal”, conta Kaio.
Claro que o sonho de todos os pais é que os filhos trilhem seus caminhos com integridade, caráter e muitos outros preceitos positivos. Dona Marlene só tem orgulho do homem que o filho se tornou. “A palavra de Deus diz “ensina seu filho no caminho que deve seguir e um dia, mais tarde, não se desviará dele”. Foi isso que eu fiz e o resultado é esse: um coração voltado para ajudar. É muito gratificante ver meu filho sendo bom marido, bom pai e um bom cidadão”, admira a mãe.
Kaio tem quatro filhos, três da atual esposa Alexandra, com quem é casado há seis anos. “Sou muito feliz e agradecido pela minha família, pelos meus filhos. É por eles que vivo”, declara Kaio.
A vida do jovem de 27 anos é baseada também na arte. Desde criança, viu o pai desenvolver o trabalho de pintura. Ele e o irmão seguiram o mesmo caminho. “Eu e meu irmão desenhamos desde pequenos e adaptamos o dom para aerografia (Técnica de pintura e ilustração semelhante ao grafite). Faz sete anos que trabalho só com isso, vivo do desenho”, diz.
DE VOLTA
O jovem enfrenta todos os desafios e conquistas no dia a dia como qualquer ser humano. Mas, em sua caminhada, faltava algo para se realizar. Foi aí que pensou que com seu dom poderia levar algo de bom para as pessoas, dessa vez, de forma voluntária. “Fui a uma escola oferecer meu serviço. A diretora disse que até já tinha feito outros orçamentos, porém, não tinha recursos, pois existiam várias demandas na unidade, como trocar torneiras e outros reparos a serem feitos. Isso tocou meu coração”, relata.
Inquieto, Caio não parou de pensar e resolveu colocar a “mão na massa” e mudar a paisagem da escola. “Vejo que as escolas querem, mas não têm condições de pagar. Muitas nem têm cara de escola, sem alegria, sem cores. Aí pensei: por que não disponibilizar dois dias do meu trabalho para pintar as fachadas, refeitórios, ou até mesmo uma simples amarelinha no pátio da escola?”, relata como tudo começou.
Kaio destacou que o intuito não é aparecer, e sim ajudar.
Mostrar que cada um pode fazer um pouquinho e mudar a realidade. “Se ficarmos esperando só pelo governo, estamos perdidos. Quero mostrar que todos nós podemos contribuir de alguma forma. É papel do governo, sim, mas não dá para ficar esperando ou reclamando nas redes sociais. As crianças não têm culpa do descaso. Merecem o melhor”, afirma.
Após a decisão, já fez o trabalho em duas escolas de Rio Claro: a Escola Municipal Sueli Maria Proni e a Djiliah Camargo de Souza. Agora, realiza a arte em uma unidade de Batovi. Ele destaca que é gratificante, porém, encontra dificuldades, já que, muitas vezes, não tem material para o trabalho nas escolas e acaba tendo outros custos pessoais. Ele destaca que doações são bem- vindas. Hoje, dedica dois dias da semana para o trabalho voluntário, mas, como também é sua profissão, tenta conciliar.
“É tudo muito gratificante. Vejo as crianças admirando e ficando felizes com os desenhos. Não tem preço que pague o sorriso, a alegria. Pode ser um desenho qualquer que pode incentivar uma criança a ir à escola. Posso ajudar, ensinar com o desenho do alfabeto, por exemplo. Isso é maravilhoso. Eu tenho filhos pequenos e sempre fiz desenhos nos quartos deles. O ambiente muda. É algo que vai somando”.
Estampar novamente as páginas do Centenário desta forma é, com certeza, orgulho também para o Diário do Rio Claro, que completa 132 anos e busca sempre trazer histórias e exemplos positivos. Coincidência ou não, o 1º de setembro também é de festa para Kaio e sua família, já que celembram o aniversário de seis anos de casamento. Comemoração que ele divide com todos. “Eu já comentava para todo mundo que logo que nasci, saí no jornal. Agora, tem mais um motivo. Vou guardar sempre para mostrar para as gerações o quanto foi bacana”, finaliza.