Stephen Hawking dizia que inteligência é a capacidade de se adaptar às mudanças. E o que faz um gênio surgir, seja nas ciências, nas artes ou em qualquer outra atividade, é um misto de lugar, época e também de reconhecimento. Mas cada vez mais o mundo parece não ter tempo nem paciência para ver um gênio florescer. A aceleração parece impedir novos Picassos, Mozarts, Einsteins de surgirem e serem reconhecidos. É o fim do culto aos gênios.
Mesmo os póstumos, ao estilo Van Gogh, estão com seus dias contados. Deram lugar à celebridade efêmera, ao culto da fama pela fama, sem muito conteúdo que valha a pena. O tempo curto, em que comprimimos as 24 horas de um dia com nossos afazeres, tem impedido muitas vezes o reconhecimento de grandes talentos, seja na música, na ciência, artes plásticas, ou seja, em ramos de atividade humana que dependem de um pouco mais de reflexão.
Ninguém quer pensar muito. É ver, tentar absorver e correr. Veja, por exemplo, os roteiros de visitas a grandes museus. São poucos os que param por alguns minutos em frente a uma obra de arte.
Estamos demais acelerados. Tanto que, para frear essa velocidade imensa com que fazemos as coisas, mais e mais pessoas se utilizam dos remédios. É o culto ao Rivotril. E o Brasil está entre os países que mais consomem esse tipo de medicamento.
Testemunhamos a transição crucial do período industrial para a era da informação, quando o que vale é a máxima “Lidere, siga ou saia do caminho”, do Ted Turner.
O senhor Peter Drucker, papa da administração moderna e primeira pessoa a chamar o momento em que estamos vivendo de Era da Informação, expõe claramente esses tempos que vivemos e que poucos entendem.
A predominância do setor de serviços em oposição ao industrial leva cada vez mais à valorização de quem tem conhecimento que interesse a outros.
Mas o destaque para o bom, o maior, o gênio se comprometeu. Ou alguém aí consegue citar, sem pensar nem buscar no Google, três grandes cientistas da atualidade? Ou ainda um ou dois grandes pianistas contemporâneos? E por aí vai.
O que há é uma espécie de homogeneização das atividades e uma corrida pela especialização. É o culto ao MBA e à pós-graduação como pré-requisito para tudo no mercado.
Em tempos anteriores, quando os agricultores e funcionários domésticos passaram a trabalhar na indústria, eles não precisaram de nenhum conhecimento específico para isso.
Afinal, apertar parafusos era mais simples que as atividades que eles já faziam.
O romantismo do aprendizado puro acabou. Agora é tudo aplicado. Instituições de ensino deixam de lado o conhecimento por si só e ensinam aquilo que é aplicado no trabalho. E ponto. Estuda-se pensando se aquilo vai dar dinheiro.
É compreensível, então, que nesta nova era, em vias de atingir seu apogeu, não haja muita paciência em nossos olhos para contemplar um potencial gênio, quem de fato faça a diferença naquilo que faz e destacá-lo por isso, como acontecia antes.
Novos gênios há aos montes por aí, é claro, mas não aparecem porque não entendem de marketing.