Um dos itens considerado essencial na mesa do brasileiro se tornou praticamente um vilão nas prateleiras dos supermercados. O pacote de cinco quilos de arroz que custava em torno de R$15 pode chegar a R$40. Segundo estudo do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, a alta do produto chega a 100% em 12 meses e a estimativa é de que os preços continuem subindo.
Já a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, disse na terça-feira (8) que o governo vai trabalhar para manter o abastecimento e baixar o preço do arroz no país. Durante reunião do Conselho de Governo, a ministra foi questionada pela youtuber mirim Esther Castilho, de 10 anos, sobre os preços do produto ao consumidor. “O arroz não vai faltar. Agora ele [o preço do arroz] está alto, mas nós vamos fazer ele baixar. Se Deus quiser, vamos ter uma super safra no ano que vem”, disse Tereza Cristina. A situação do setor vem sendo monitorada de perto pelo Ministério e não há previsão de falta de produto.
Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de arroz estimada para a próxima safra (2020/21) é de 12 milhões toneladas, um incremento de 7,2% em relação à safra anterior. Para a safra 2020/21, que começa a ser comercializada em março de 2021, é esperada uma produção maior, com arrefecimento de preços no próximo ano.
A Conab informa que o país possui atualmente estoque para suprir o consumo interno. A companhia aponta que a alta de preços do arroz no varejo brasileiro é resultado da intensa valorização do grão no mercado.
Ainda de acordo a Companhia, historicamente, o segundo semestre, por se tratar de período de entressafra, possui cotações mais elevadas para o arroz. Entretanto, como a cotação interna já ultrapassa a paridade de importação dos principais mercados produtores do grão, é pouco provável que haja sustentação do atual patamar de preços no médio prazo.
Gastos com supermercado aumentam em 42,61% em julho
A Mobills, startup de gestão de finanças pessoais, analisou dados de mais de 20 mil usuários do aplicativo entre os meses de janeiro e julho de 2020, e constatou que os gastos com supermercado cresceram em julho 42,61% em comparação com o primeiro mês do ano. Em março, início da quarentena no Brasil, os gastos com supermercado tiveram uma queda de, aproximadamente, 10% em comparação com fevereiro. Para o CEO da Mobills, Carlos Terceiro, a queda no mês de março está relacionada com o medo das pessoas diante da incerteza da pandemia. Os próximos meses representaram crescimento, em abril 36,27% em comparação com março. Em maio, um aumento mais tímido de 9,56% com abril. Já em junho, mês que tivemos aumento da flexibilização do isolamento em muitos Estados, houve uma queda de 3,92% em comparação com maio. Em julho, os gastos com supermercado voltaram a aumentar, no total 8,83% em comparação com o período anterior.
O estudo dos dados também analisou crescimento no ticket médio das compras realizadas pelos usuários do app. Nos três primeiros meses do ano, o valor médio registrado era de R$ 450,00. Em abril, o valor subiu 39,66% em comparação com março e em maio continuou a aumentar, atingindo um valor de ticket médio de R$ 644,96. Carlos Terceiro explica que é possível supor que essa despesa com mercado aumentou ao ponto que de outras categorias diminuíram, como de lazer e viagem. “Com as pessoas passando mais tempo em casa e preparando a maior parte de suas refeições é natural que o aumento ocorra”.
Já em junho, o ticket médio demonstrou queda de 7,19% em comparação com maio, o que Carlos Terceiro vê também como um movimento esperado com a flexibilização do isolamento e reabertura parcial dos restaurantes. Em julho, o ticket médio teve um pequeno crescimento em comparação com o período anterior, de 1,69%. Apesar da queda e do baixo crescimento, os valores de ticket médio ainda são bem superiores em comparação com os três primeiros meses do ano, já que tiveram média de R$ 598,61, em junho, e R$ 608,70, em julho.
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